Seguindo com os olhos o trajeto de sangue que descia a ladeira, viu sua mãozinha descoberta. O pano branco cobria o resto da morte de Felipe. Esse que deveria trazer, junto ao irmão, as compras.
Viu o motorista do ônibus explicando-se ao policial. Viu a platéia aproximando-se do espetáculo. Fingiu não ver a esposa, aos prantos, sendo terrivelmente consolada por duas velhas feias.
Atendia telefonemas e com a voz estremecida repetia aquele anúncio, tão dolorido, de sua morte. Mas não podia chorar. Não podia chorar.
Não na frente de Bruninho.
Moleque ainda, o mais novo soluçava até não conseguir respirar. Sentado no meio-fio e de rosto encharcado, encarava silenciosamente as duas bicicletas:
A do mais velho, toda torta. E a dele.
Sensível e bonito, Victor.
ResponderExcluirGosto da sua capacidade de dizer muito com poucas palavras.
Aliás, não preciso nem dizer que você realmente me cativa com as palavras. "Buquê" é um texto lindo que eu frequentemente volto a ler. :)
Enfim, o blog não podia ter um nome melhor!
Parabéns!
Até logooo! :)))