(Tijuana – México; 21/01/2012)
Aquele barzinho mixuruca lembrava-o os bares vagabundos que
seu pai costumava frequentar. Mesas de sinuca, posters de mulher pelada, decoração kitsch e uma jukebox. É, podia imaginar aquele velho
bêbado caído no chão, ali perto da foto emoldurada da seleção mexicana de
futebol.
Assim que chegou,
Túlio avistou Juan e mais dois caras armados jogando sinuca. Aproximou-se e
cumprimentou-os. Pegou um taco e começou a jogar.
Aquele lugar lhe fazia mal.
Queria voltar para
seu apartamento e relaxar ouvindo música como sempre fazia. Não queria ouvir
aquela canção brega sobre cachorros e mulheres que tocava na presença de
prostitutas malucas, um casal de obesos e velhos descamisados.
Ainda que sentisse
perder um pouco de sua alma a cada minuto, precisava manter a pose. Estava enlouquecendo e não podia permitir isso. Ajeitou o gravador por baixo da camisa, enquanto fingia coçar o peito e olhou-se no próprio reflexo em um vidro de uma janela suja.
Notou o aumento de rugas em seu rosto desde que começara
aquela operação policial. Dois anos, pensou. Dois malditos anos.
Desviou o olhar, procurando não pensar naquele carro em
chamas, cheio de cabeças ensanguentadas que acabara de ver.
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Túlio infiltrou-se em
um perigoso grupo do crime organizado no México por 5 anos, em uma investigação para identificar e localizar alguns dos traficantes mais influentes do país.
Abandonou a carreira policial assim que terminou.
Abandonou a carreira policial assim que terminou.